Quem nunca ouviu a expressão "estude para ser alguém na vida" (ou uma de suas variantes)? É um dos conselhos-clichê mais difundidos entre as pessoas. Se você perguntar a um garoto qualquer o porquê de ele freqüentar uma instituição de ensino de segunda à sexta, e ele nunca tiver feito uma reflexão mais profunda a respeito disso, muito provavelmente a primeira idéia que ele terá em mente como uma resposta adequada será "para ser alguém na vida".
O que há por trás dessa resposta padrão é a consciência rudimentar que as pessoas têm da estratificação e mobilização social: havendo realmente a possibilidade de mobilização entre as camadas da sociedade, sua única via inequívoca é através dos estudos. Eis o senso comum.
A ascensão social pode ser até conseqüência, mas está longe de ser a nobre função do estudo. O papel deste vai muito mais além do que, meramente, capacitar as pessoas a exercerem cargos ou profissões. O estudo sem obtenção de conhecimento, sem transformação do ser, perde o seu brilho, perde a sua essência. É como se alimentar sem sentir o sabor do alimento, apenas por necessidade.
Vencer nos estudos não é somente ganhar muito dinheiro, até porque, pelas desigualdades de prestígio e reconhecimento que há entre as áreas do saber, nem sempre isso será possível. Vencer nos estudos é perceber o mundo que há dentro de si e lá fora de maneiras diversas, é precisar o raciocínio, é aperfeiçoar a capacidade de compreensão e expressão, é uma porção de coisas que qualificam o indivíduo.
Por isso, quem estuda de verdade, não estuda para ser “alguém” na vida... De jeito nenhum... Estuda porque, independente de qualquer coisa, já é alguém na vida e deseja senti-la ainda mais através do sabor do conhecimento.
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